(Para Júlia Beatriz Spézia, minha amiga que também está crescendo depressa)
Atahualpa está com dez meses e beirando os dez quilos – chegou àquele tamanho e peso que faz com que, quando corre pela casa atrás da sua adorada de borracha amarela, tire todos os tapetes do lugar. Também quando saímos para qualquer dos seus três passeios diários, tem ele força para me fazer andar na minha velocidade máxima enquanto caminha farejando o mundo como se o seu nariz preto e úmido fosse um periscópio, ou me botar a correr quando se põe a trote, atrás de qualquer coisa: uma borboleta, um passarinho, uma mosca, um amigo, uma idéia. Tenho que convir que tal estágio de vida do meu cachorro está me fazendo um bocado bem: a nova quantia de exercício levou embora uns quilinhos sobressalentes que estavam teimando em se fixarem em mim, e minha capacidade respiratória anda muito boa – sem contar que desenvolvi bíceps, de tanto carregar o meu bichinho. É que quem mora em condomínio, como eu, tem que carregar seu animal até sair para a rua – além do que o acostumei a se deixar levar no colo a cada vez que temos que atravessar uma rua.
Então, apesar dos dez meses e dos quase dez quilos, Atahualpa está tão acostumado a andar no colo, que se deixa carregar como um bebezinho, tanto de pé quanto deitado de barriga para cima.
O fato é que meu cachorro está ficando adulto, e eu acho que ele é o bichinho mais bonito do planeta, embora numa manhã destas uma moça olhou para ele e saiu correndo de tanto medo. Então dei uma cuidadosa avaliação na imagem do Atahualpa, e a verdade é que ele é o cachorro mais bonito do mundo, mas que também acabou criando uma expressão que deve ser bastante amedrontadora para quem não sabe da sua doçura e da sua propensão para brincar.
Se a gente o olha por cima, vê um comprido cachorro preto – mas se se encará-lo bem de frente, anda ele com a expressão que acreditamos tenham tido os vikings (pois já conheci alguns vikings de verdade e eles não eram nem parecidos com o que a gente imagina que tenham sido!), já que ao redor da sua barba amarelada, criou-se um halo de barba ruiva que lhe dá um ar bastante sinistro, se a gente não o conhecer. Não chegando a barba, sombrancelhas do mesmo amarelo ruivo, tufos de pêlos da mesma cor saindo-lhe das orelhas peludas e um colar no mesmo tom a lhe descer pelo peito dão-lhe um certo ar de leão, de feroz bicho do mato, e eu entendo muito bem porque aquela moça saiu correndo, ou porque outros transeuntes se afastam dele na rua, com um certo receio: será um ursinho de pelúcia ou um bicho feroz?
E ele está grande, um baita. Andei a medi-lo. Tentei primeiro com uma régua escolar, dessas de trinta centímetros – mal e mal a régua conseguia medir seu rabão de tamanduá! Saí a comprar uma trena, e não deu outra: meu cachorro está medindo UM metro, desde a ponta do nariz até a ponta do rabo, apesar de seu corpo ter apenas 35 centímetros de altura, já que ele tem pernas bem curtas, mas tão grossas, musculosas e potentes que, quando se põe a trotar, tem força para me arrastar atrás dele como se eu fosse feita de vento!
E seu pêlo de seda negra, ah! como está bonito, principalmente quando ele chega de algum acampamento, donde vem mais sujo do que se possa imaginar, e toma um caprichado banho com muito xampu! É um pêlo único, cada tufo nascendo para uma direção diferente, uma coisa indescritível de tão macia e bonita, que balança e se mexe conforme os movimentos que faz seu corpão de quase dez quilos, pura seda que não dá nem para contar.
Tenho uma amiga que fica insistindo para que eu mande aparar o pêlo do Atahualpa, para que faça o modelito tal ou tal, e fico toda ofendida: além de estarmos no inverno (e aquele pêlo ser o casaquinho dele), se aparar aquela revolução de seda negra que cobre o meu bichinho, ele passa a ser um cachorro como qualquer um – e já não será mais o Atahualpa! Pois Atahualpa é um cachorro único, tanto no gênio e na aparência, quanto dentro do meu coração!
Atahualpa está com dez meses e beirando os dez quilos – chegou àquele tamanho e peso que faz com que, quando corre pela casa atrás da sua adorada de borracha amarela, tire todos os tapetes do lugar. Também quando saímos para qualquer dos seus três passeios diários, tem ele força para me fazer andar na minha velocidade máxima enquanto caminha farejando o mundo como se o seu nariz preto e úmido fosse um periscópio, ou me botar a correr quando se põe a trote, atrás de qualquer coisa: uma borboleta, um passarinho, uma mosca, um amigo, uma idéia. Tenho que convir que tal estágio de vida do meu cachorro está me fazendo um bocado bem: a nova quantia de exercício levou embora uns quilinhos sobressalentes que estavam teimando em se fixarem em mim, e minha capacidade respiratória anda muito boa – sem contar que desenvolvi bíceps, de tanto carregar o meu bichinho. É que quem mora em condomínio, como eu, tem que carregar seu animal até sair para a rua – além do que o acostumei a se deixar levar no colo a cada vez que temos que atravessar uma rua.
Então, apesar dos dez meses e dos quase dez quilos, Atahualpa está tão acostumado a andar no colo, que se deixa carregar como um bebezinho, tanto de pé quanto deitado de barriga para cima.
O fato é que meu cachorro está ficando adulto, e eu acho que ele é o bichinho mais bonito do planeta, embora numa manhã destas uma moça olhou para ele e saiu correndo de tanto medo. Então dei uma cuidadosa avaliação na imagem do Atahualpa, e a verdade é que ele é o cachorro mais bonito do mundo, mas que também acabou criando uma expressão que deve ser bastante amedrontadora para quem não sabe da sua doçura e da sua propensão para brincar.
Se a gente o olha por cima, vê um comprido cachorro preto – mas se se encará-lo bem de frente, anda ele com a expressão que acreditamos tenham tido os vikings (pois já conheci alguns vikings de verdade e eles não eram nem parecidos com o que a gente imagina que tenham sido!), já que ao redor da sua barba amarelada, criou-se um halo de barba ruiva que lhe dá um ar bastante sinistro, se a gente não o conhecer. Não chegando a barba, sombrancelhas do mesmo amarelo ruivo, tufos de pêlos da mesma cor saindo-lhe das orelhas peludas e um colar no mesmo tom a lhe descer pelo peito dão-lhe um certo ar de leão, de feroz bicho do mato, e eu entendo muito bem porque aquela moça saiu correndo, ou porque outros transeuntes se afastam dele na rua, com um certo receio: será um ursinho de pelúcia ou um bicho feroz?
E ele está grande, um baita. Andei a medi-lo. Tentei primeiro com uma régua escolar, dessas de trinta centímetros – mal e mal a régua conseguia medir seu rabão de tamanduá! Saí a comprar uma trena, e não deu outra: meu cachorro está medindo UM metro, desde a ponta do nariz até a ponta do rabo, apesar de seu corpo ter apenas 35 centímetros de altura, já que ele tem pernas bem curtas, mas tão grossas, musculosas e potentes que, quando se põe a trotar, tem força para me arrastar atrás dele como se eu fosse feita de vento!
E seu pêlo de seda negra, ah! como está bonito, principalmente quando ele chega de algum acampamento, donde vem mais sujo do que se possa imaginar, e toma um caprichado banho com muito xampu! É um pêlo único, cada tufo nascendo para uma direção diferente, uma coisa indescritível de tão macia e bonita, que balança e se mexe conforme os movimentos que faz seu corpão de quase dez quilos, pura seda que não dá nem para contar.
Tenho uma amiga que fica insistindo para que eu mande aparar o pêlo do Atahualpa, para que faça o modelito tal ou tal, e fico toda ofendida: além de estarmos no inverno (e aquele pêlo ser o casaquinho dele), se aparar aquela revolução de seda negra que cobre o meu bichinho, ele passa a ser um cachorro como qualquer um – e já não será mais o Atahualpa! Pois Atahualpa é um cachorro único, tanto no gênio e na aparência, quanto dentro do meu coração!
Blumenau, 31 de agosto de 2008.
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